terça-feira, 21 de julho de 2009

SIMULADOR DE VOO

"O simulador é o melhor equipamento tecnológico disponível para efetivar um nível maior de segurança de vôo, porém, se for extremamente bem utilizado".
Este ditado comumente mencionado no meio aeronáutico é confirmado pelas análises de acidentes e/ou incidentes. O que se tem feito para evitar 22.8% dos acidentes relacionados ao pouso? Ou para se evitar o que é conhecido como CFIT ( Controlled Flight Into Terrain ), responsável por 25.3% dos acidentes? Ou, ainda, para eliminar aqueles relacionados ao processo decisório dos pilotos, que aparece como fator contribuinte em 58% dos casos? Além disso, enquanto que alguns defeitos na aeronave tornaram impossível a sobrevivência de seus tripulantes e passageiros, na maioria das vezes foram estes mesmos tripulantes que fizeram desses defeitos uma emergência.
O que está errado? Sem dúvida alguma a resposta está no treinamento inadequado que eles vêm recebendo. Para reverter este processo, algumas propostas feitas pela NASA em conjunto com fabricantes e operadores vêm sendo paulatinamente implantadas nos últimos 20 anos. Tal é o caso dos treinamentos conhecidos como CRM ( Cockpit Resource Management ), LOFT ( Line Oriented Flight Training ) e SPOT ( Special Purpose Operational Training ). Mas a maior dificuldade encontrada para o sucesso desses treinamentos tem sido a resistência em mudar a filosofia até então empregada nos vôos simulados.
Nestes, muitas vezes são criadas situações mais com o objetivo de checar o aluno do que para treiná-lo a lidar com as condições adversas passíveis de serem encontradas num vôo real. Muitas vezes, também, é exigido dele um amplo conhecimento teórico, mas sem nenhum objetivo operacional.
Temos, então, como resultado, um piloto assustado e estressado dentro do simulador, tornando o vôo um "suplício", quando deveria ser uma ótima oportunidade para eliminar suas deficiências e limitações.O estudo das análises de acidentes ensina que, de um modo geral, é preciso que o piloto aprenda a rejeitar uma linha de ação que julgue inadequada para o momento ou incompatível com suas habilidades e conhecimento, não se importando com o que vão pensar a seu respeito. É preciso que seu conhecimento teórico seja direcionado à realidade operacional, sem se exigir dele que saiba "quantos parafusos existem na fuselagem de sua aeronave". Urge que aprenda a confiar em suas habilidades, conhecimento e, principalmente, nos procedimentos aplicáveis, para ficar calmo numa situação anormal e agir de forma tranqüila e consciente.Resumindo: é imperativo que o treinamento em simulador objetive a realidade, e, através do aprimoramento das habilidades manuais e do processo decisório do piloto, seja obtida uma maior segurança de vôo.

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